Caminho mais um pouco tentando ir mais adiante, mas não vejo nada novo. É tudo tão igual, tão quente, deserto e doido. Eu não sei se eu consigo. Deus me ajuda, por favor. Há quanto tempo estou aqui? Duas semanas eu acho, mas talvez mais. Não durmo direito, não como direito, não saberia mais dizer com precisão. O que aconteceu? Tanta coisa, como é possível tanta coisa ter acontecido em tão pouco tempo. Sento, tento encontrar algum lugar pra descansar. A primeira noite mal dormida é só o prenuncio de uma nova. Fecho os olhos, tento relaxar. Não consigo, não posso parar. Se parar eu caio e eu não tenho tempo pra cair; levantar demora. Mesmo assim, tempo não é a coisa mais importante que me falta.
Quantas
coisas difíceis podem acontecer em duas semanas? Meus limites foram superados
nas minhas duas últimas. A rotina já é
demais, com os problemas que se seguem é quase impossível não ter crises assim,
os meus desertos. Já passei por alguns, mas confesso que a cada um que vivo,
eles se intensificam em mim. Os desertos são diferentes das tempestades as
quais já descrevi. Nos desertos, cada grão de areia é uma coisa em mim que eu
preciso mudar pra ser melhor, pra me sentir melhor. Cada grão de areia é uma
pessoa que eu preciso cuidar. Cada grão de areia é um sonho de Deus pra mim. No
entanto, o deserto é cruel – você conhece seus objetivos, deslumbra seu futuro,
mas não é capaz de lidar consigo mesmo. Eu ainda não sei o que fazer com tanta areia
que me cansa, mostra minha pequenez e me torna incapaz.
Nesse ponto
não adianta mais andar, eu fecho os olhos com força pra que nenhum grão de
areia permaneça à minha vista. E eu oro. No deserto, nas tempestades ou na
calmaria, eu oro. É quando de longe eu vejo, quase uma miragem, um Oasis. Lá o Príncipe
da Paz me encontra, me alimenta, me traz descanso e conforta o meu cansado
coração. Ele diz: vinde a mim, vocês que estão cansados e sobrecarregados e eu
vos aliviarei. E eu sinto, o alivio dos meus fardos mais pesados que eu. E ali mesmo, eu oro mais uma vez pedindo que o
Oasis que vive no meu deserto, se torne o mar da praia. E nessa semana de descanso, no meu Oasis,
eu sinto a praia sendo feita. Eu sinto meus grãos de areia todos sendo
balanceados com as gotas da água, que no caso são as misericórdias de Deus. Eu sinto o
calor das minhas responsabilidades sendo envolvido pela brisa do mar que é a
Voz do Senhor que me guia por meio delas. Já quase na praia, eu sinto paz.
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