quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Pátio



Estava eu a caminhar pelo meu condomínio, com pressa, atrasada como sempre, quando eu vejo duas meninas pequenas e lindas correndo na minha direção com um tom meio aflito nos olhos e nas falas que se seguiram. Era uma noite de domingo, a única na semana na qual eu tentava sair de casa um pouco mais arrumada.  Eu ouvi quando elas ainda cochicharam ainda correndo vamos perguntar pra aquela moça. Fiquei pensando em quando eu tinha virado moça. Outro dia eu era a criança que brincava com meninas parecidas, um pouquinho depois a menina simpática do elevador, e de repente, eu era a moça. Fiquei preocupada com a dúvida que viria; se fosse alguma pergunta específica para adultos com certeza não saberia dizer. 

  "moça, moça, você pode nos ajudar? Estamos perdidas."

        Perdidas no condomínio que nem é tão grande assim, nisso eu podia ajudar, ainda bem. A menor das meninas já estava em prantos, enquanto a mais velha tentava manter a calma e ser de fato a mais velha. Eu disse que ajudava e me pus a andar com as meninas pelo meu condomínio nem tão grande assim. Nos minutos que se seguiram elas me contaram sobre a esquecida brincadeira de pique-esconde que terminou com as meninas perdidas pelo  condomínio. Andamos uns 20 metros até que elas viram a entrada agora já reconhecida e emocionadas começarmos a gritar "é ali!". Eu ri porque elas com certeza conseguiriam achar sem mim. Elas se puseram a correr o mais rápido que conseguiam até a entrada até que a pequeninha voltou, abraçou minha perna e voltou a correr. De longe eu ouvi os gritos agradecidos das meninas: "obrigada, moça". De nada, eu respondi.

                Continuei andando na mesma direção que elas, sendo que as mesmas já tinham desaparecido de novo. Depois de alguns minutos, já que não faz mais parte das minhas habilidades correr (talvez nunca tenha sido) cheguei à entrada do condomínio. Enquanto esperava, uma moça (essa era moça de verdade, não igual a mim) gritava “onde vocês se meteram? É pra brincar perto de mim”. Elas repetiram a mesma história trágica de antes de como haviam se perdido durante a brincadeira. Apontaram pra mim e eu ouvi quando disseram “aquela moça nos achou”. Achei? Levar aquelas meninas até a portaria não foi nada demais, no entanto, pra elas foi salvação. Crianças se perdem mais facilmente que os adultos, é verdade, mas elas são achadas de uma maneira que os adultos não são. 

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