Senhor, o que queres de mim? Eu não consigo ouvir na multidão de tantas vozes ao meu redor. Eu escrevi uma vez que o mar agitado era mais bem visto por mim do que a calmaria dos dias, como eu fui ingênua. Esse é um sentimento constante. Ai, Pai, eu sinto tanto por não ser, tem tanto que eu não sou. Na calmaria dos dias, eu podia te ver e te sentir. Sim, eu sentia também a minha inutilidade e a falta de propósitos. Durante muito tempo eu achei que esse era um sentimento específico da calmaria e assim, eu superestimei a inquietude. A vida não é assim. Mesmo quando eu me sinto útil, mesmo quando eu vejo meus propósitos, a vida dá um jeito de nos tornar incapazes, incompletos, insuficientes. Mais do que isso, ela não nos torna, ela só nos expõe, já somos, já sou - eu e minha mania de falar por todos.
O mar agitado me assusta agora, me faz sentir saudade da calmaria, de quando eu escutava tua doce voz. O mar agitado não me ajuda a traçar prioridades, a pensar nos outros, a ser feliz; essas são tarefas de minha responsabilidade e isso assusta mais. O mar agitado não me deixa ser boa nas tarefas, não ajuda na prova da minha suficiência, não ajuda no sentimento de realização. A calmaria também não ajuda em nada disso. No entanto, nela, eu consigo ouvi-lo melhor e sentir o consolo da minha dor. Nela, eu consigo ouvir o seu chamado, e Ele sempre diz, "eu te chamei pro mar agitado".
Cá estou eu, no mar agitado, lutando todos os dias pra não afundar. De todas as lições que o mar me ensina, a dependência exclusiva do Senhor é a que eu mais vivo. As vezes gosto de pensar que estou acostumada as peculiaridades da vida, mas não é a verdade. Quando eu passo a reconhecer as minhas verdadeiras (e muitas) limitações, a dependência de Cristo me atinge. E então, só então, eu posso sentir a brisa das águas calmas chegando.
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