quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

uma menina na praia




Ontem eu vi um casal na praia. Não era manhã, nem noite, era o momento exato do sol se pôr em um dia do verão. Enquanto todos iam embora depois de um dia exaustivo entre o mar e a areia que o segue, nós, eles e eu, chegamos.  Provavelmente, viemos de lugares diferentes e depois dali seguimos caminhos separados. No entanto, eu percebi há um tempo que da vida nós tiramos apenas os pequenos momentos que nos marcam. Eles podiam ser só mais um casal, e eu, só mais uma menina sonhando com um, mas ao invés disso, eles se tornaram bem mais porque me cativaram. Eles chegaram e sentaram bem na beirinha do mar; ele carregava as bolsas e as cadeiras, e ela, um bebê na barriga. Eu nada carregava nem cadeira, nem bebê.
Existem esses momentos únicos quando a natureza divina dá um grande espetáculo de beleza onde todos ao redor são envolvidos com um enorme sentimento de extasia. Nesse caso, não foi só isso. Existem outros momentos, mais únicos ainda, em que a beleza da natureza se encontra com a beleza da relação humana.  Ela levantou e colocou os pés na água, enquanto ele fazia duas coisas. A primeira era tirar fotos dela com a barriga e o pôr do sol, coisa linda de ver, e a segunda era dar beijinhos na barriga quando ajoelhava na areia pra tirar as já mencionadas fotos, coisa mais linda ainda de ver.
Fiquei encantada, de todos os jeitos que uma pessoa pode ficar ao ver espetáculos assim. Fiquei pensando um bom tempo sobre e decidi compartilhar uma das cenas de amor e carinho que eu presenciei. Depois disso, eu me ofereci para tirar fotos dos dois, em parte porque as tentativas deles de foto em conjunto pareciam frustradas e em parte porque eu queria sorrir pra eles e perguntar se eu podia fazer pare daquele momento, nem que fosse desse jeito mínimo. Eu fiz. Tirei algumas fotos, disse palavras gentis e me retirei. A verdade é que ser expectadora de longe é bem melhor e que até a melhor sessão de fotos cansa. Eles sentaram de novo e eu não mais os olhei, até a partida. Ela me olhou quando eu estava indo, sorriu e disse que as fotos tinham ficado ótimas. Fiquei feliz. Fiquei pensando que talvez um dia aquele bebê visse as fotos e perguntasse aos pais quem as havia tirado. Eles responderiam “uma menina na praia”. Serei feliz com essa vaga possibilidade.


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