Meus pés latejavam no sapato já pequeno, coisa que eu jamais admitiria em público. Sai da faculdade e tive que andar até o ponto mais próximo. Corri pra pegar o ônibus ainda no ponto. Fiquei feliz de encontrar um lugar próximo à porta. Assim que sentei, um senhor de cabelos brancos e roupa esportiva entrou e eu ofereci o lugar. Ele sorriu da maneira mais linda que eu já vi e disse que não precisava. A conversa continuou com ele exaltando minha gentileza e nobreza; eu sorri, agradecendo. Nossa conversa foi interrompida pela entrada de uma senhora, parecia bem mais velha que o senhor, e era. De novo, eu cedi meu lugar. A menina que estava sentada do meu lado seguiu fazendo o mesmo, dando lugar a outra senhora. Foram chuvas de elogios ao futuro desse país. Nos vimos conversando como amigos.
Ele foi cativante com seus questionamentos ao desleixo da saúde publica, suas informações sobre a Zona Sul e as descrições detalhadas das brincadeiras dos netos. Quando me dei conta já havia mais cinco pessoas na conversa iniciada. Ele ria a cada sorriso das pessoas a sua volta, sempre iniciava uma história quando a última acabava e tinha um bom humor invejável. Foram os melhores quarenta minutos do dia pra mim e pra todas aquelas pessoas. O ônibus foi enchendo e eu me afastei da conversa. Ainda sim, sorria sozinha escutando as gargalhadas em coro e vendo aquele senhor conquistar o espaço.
Quando chegada à estação final e todos deveriam descer, ele me dirigiu a palavra e esperou todos os que estavam à minha frente sair. Ele disse:"Vai na frente florzinha, agora, eu faço questão." Eu sorri tentando ser tão cativante quanto ele, aposto que não consegui, e agradeci com tudo em mim.
Não sei o nome de ninguém ali, talvez nunca descobrirei. Mas tudo o que aconteceu me deu esperança de um amanhã melhor. Se qualquer dia ler isso aqui, saiba que suas palavras e histórias mudaram minha visão de mundo; e por isso, serei eternamente grata.
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