A verdade não
dita é que eu ainda quero que você me queira. Passei anos tentando entender o
que fez você me desprezar e culpando cada centímetro meu que não pensava do seu
jeito. Afinal, seus pensamentos, desejos, visões e argumentos são sempre os
certos. E os meus, os errados. Compartilhar deles significava ser uma pessoa
com muitas opiniões formadas e nenhuma capacidade de ser convencida;
significava defender seus ideais a qualquer custo mesmo que fosse através da
violência, mas principalmente significava ser arrogante demais pra perceber que
existem coisas maiores do que ganhar uma discussão. Durante tempo demais eu validei esse seu
patamar e me submeti a todo tipo de questionamento. Entretanto, fico feliz em
dizer que eu sou e sempre serei diferente de você.
Lembro-me de
dedicar a você os melhores trechos de crônica que já foram escritos e de
remeter a você as melhores estrofes já cantadas; mas creio eu agora, que todos
esses versos e letras tinham total discrepância com a realidade. Talvez, eu
tenha exagerado, como sempre é dito, ou talvez, não. A capacidade de vislumbrar
o que não existia foi-se; ou pelo excesso dela ou pelo costume que têm de reprimi-la.
No entanto, fico feliz em dizer que eu sou e sempre serei diferente de quem eu
era.
A verdade não
dita é que depois dessa reflexão eu já não quero mais que você me queira. Que
os anos passados tentando entender sejam atropelados pela infinita compreensão.
Que a aprovação que eu um dia busquei em você seja dada por outros, ou até por
ninguém. Que às vezes, mas nunca sempre, meus argumentos sejam válidos,
concretos e quem sabe, certos. Que eu seja aberta as opiniões alheias e que
seja sempre sabia nas futuras discussões, entendendo que as pessoas importam
mais, talvez, mais até do que eu. Que eu saiba o meu lugar no mundo e que o
aceite. Fico feliz em dizer que as minhas premissas agora são verdadeiramente
minhas e que farei o impossível para que elas continuem assim.
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