segunda-feira, 18 de maio de 2020

A bonança e o deserto



"E o Senhor disse a Moisés: "Você vai descansar com os seus antepassados, e este povo logo irá prostituir-se, seguindo aos deuses estrangeiros da terra em que vão entrar. Eles se esquecerão de mim e quebrarão a aliança que fiz com eles. Naquele dia se acenderá a minha ira contra eles e eu me esquecerei deles; esconderei deles o meu rosto, e eles serão destruídos. Muitas desgraças e sofrimentos os atingirão, e naquele dia perguntarão: "Será que essas desgraças não estão acontecendo conosco porque o nosso Deus não está mais conosco? E com certeza esconderei o meu rosto deles naquele dia, por causa de todo o mal que praticaram, voltando-se para outros deuses." - Deuteronômio 31:16-18
 
    No livro de Deuteronômio vemos algumas orientações provavelmente escritas por Moisés ao povo antes da data da sua morte, já anunciada por Deus. Aqui, pouco faltava para o povo entrar, conquistar e morar de fato na terra prometida do Senhor ao mesmos, Canaã, a terra onde há com fartura leite e mel. O povo, que tanto sofrera nas mãos de seus feitores egípcios, se encontrava agora prestes a aproveitar sem restrições as promessas do Senhor, a bonança, a vida seus grandes problemas, a calmaria do mar, uma terra pra chamar de sua. E mesmo assim, eles pecariam (e muito) na bonança que o próprio Deus os dera. "Absurdo, que povo rebelde e tão facilmente convencido pelo pecado" - talvez você pense. Eu não, em nada me surpreende o pecado do povo de Israel uma vez que somos tão parecidos, em tantos aspectos. O retrato da humanidade, prontos pra pecar, sedentos pelo perdão de Deus. 

    O que me surpreende aqui é o mesmo que me surpreende sempre - a postura de Deus. Claro que sabemos que o conhecimento de Deus é eterno e infindável, e tendo isso em mente é fácil pensar que ele conheceria os maus caminhos apresentados e, infelizmente, seguidos pelo seu tão querido povo. Mesmo assim, o que vemos aqui, é a permanência de Deus - ainda que seu povo fosse facilmente persuadido a pecar enquanto aproveitava sua promessa, Deus não a suspendeu. Pelo contrário, os ajudou em cada etapa de conquista da sua bonança e assistiu o povo escolher outros deuses, outros princípios, outras verdades. Por que afinal realmente temos a escolha. No deserto, apesar de alguns percalços, o povo era mais fiel, mais voltado à busca pela presença do Senhor, facilmente arrependido de seus erros quando os mesmos ocorriam. Ou seja, o povo foi mais fiel no deserto do que na bonança.

O grande reflexo da humanidade hoje! Mais de milhares de anos e continuamos iguais. Infiéis no muito e na bonança, e facilmente voltados a Deus em crises e tristezas. Agora, que vivemos de certo uma crise mundial, a busca por Deus cresce, seu nome é mais exaltado e clamado por vozes um tanto silenciosas nos dias melhores. Continua sendo triste, mas Deus também continua o mesmo, sempre. Nesses momentos me agarro a versículos do mesma Bíblia.

    "Que o ímpio abandone seu caminho, e o homem mau, os seus pensamentos. Volte-se ele para o Senhor, que terá misericórdia dele; volte-se para o nosso Deus, pois ele perdoará de bom grado. Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos, declara o Senhor. Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos. - Isaías 55:7-9